ASL completa 20 anos

Em 2000, quando criamos o Projeto Software Livre Brasil e trouxemos para o nosso país os princípios da Free Software Foundation, o grande debate sobre o tema já completava 18 anos no mundo, a partir do Manifesto GNU de Richard Stallman.

Naquela época, iniciava-se uma discussão fundamental sobre a liberdade. É bem verdade que no começo tratava-se da liberdade de escrever programas de computador, mas aos poucos, muitos perceberam que o aprisionamento, a usurpação, a apropriação indébita era um cacoete nefasto de "empreendedores megalomaníacos" que precisavam ser confrontados.

Para o debate, executamos inúmeros projetos e iniciativas, das quais uma das mais relevantes foi a realização, ao longo desse tempo, de dezoito encontros mundiais de líderes, profissionais, pesquisadores e usuários, de todas as idades e de todos os matizes políticos, que fortaleciam a convicção de que reivindicar a liberdade com compartilhamento e colaboração, em favor do bem comum, é sempre uma boa causa.

Enquanto isso, e enquanto governantes e legisladores despertavam para o perigoso controle que o software proprietário exercia de forma crescente sobre o bem público, produziu-se por duas décadas uma postura crítica que questionou este fato e abriu a possibilidade de trazer a informação, o acesso, a transparência, os serviços tecnológicos e o controle, para o colo do serviço público e da democracia.

Infelizmente, o mesmo software proprietário, com a sofisticada alcunha de "Big Techs" e fazendo-se passar por "bons moços e moças", em uma acelerada política utilitarista, engoliu dezenas de projetos "open source" e criou uma medusa tecnológica, cujos efeitos nas redes sociais é petrificar as pessoas e consumi-las, enquanto elas se acreditam livres e capazes de decidir sobre seus destinos.

Temos, portanto, dois desastres globais iminentes provocados pela concentração absurda de riqueza e poder a que chegamos: de um lado, um cataclisma climático se avizinha; de outro, a assunção definitiva do "Grande Irmão".

Para ambas as tragédias, o único remédio possível: liberdade para produzir, com colaboração e compartilhamento, o conhecimento livre capaz de garantir um mundo melhor e distribuído para todos.

A ASL.Org não será imortal, mas com a tua ajuda, pode dar mais passos e contribuições nesse sentido!

Sady Jacques
Coordenador Geral
ASL.Org 20 Anos
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