A missão da ASL é promover o uso, a difusão e o desenvolvimento de softwareslivres no Brasil. Essa ideia surgiu em 1985 com o Manifesto GNU, escrito por
Richard Stallman, um hacker do MIT incomodado com apropriação do
conhecimento coletivo realizada pelas empresas em geral, particularmente as
desenvolvedoras de softwares.
O mundo capitalista já faz isso a muito tempo, tendo assentado o conceito de
propriedade intelectual já em 1883, na Convenção de Paris, a qual impulsionou a
discussão e permanece atualizada pela revisão em vigor realizada em Estocolmo
a 14 de julho de 1967.
O termo propriedade intelectual é criticado por sua ambiguidade. Stallman
escreveu um ensaio sobre este assunto para esclarecer o problema e lutar, entre
outras coisas, contra o significado desse termo, porque é uma reminiscência da
propriedade física cuja legislação é muito diferente.
A base do Movimento Software Livre é o conceito de conhecimento livre e a
possibilidade de sua multiplicação infinita através das práticas de
compartilhamento e colaboração. Foram essa potência e características que
criaram a internet, as redes sociais, a computação em nuvem, as criptografias, os
principais sistemas operacionais para mainframes, desktops e celulares, além de
terem servido de base para a maior parte das aplicações de software do mundo,
assim como foram fundamentais para o surgimento, sustentação e apogeu de
todas as Big Techs existentes.
Parte do sistema financeiro mundial, dos grandes e complexos sistemas de
gestão do mundo, são usuários intensivos de softwares livres e de código aberto.
E nunca a sociedade foi tão dominada em seus corações e mentes, quanto agora.
O Capitalismo de Vigilância, mais recente estágio do capitalismo financeiro,
constrói bolhas com milhares de pessoas e as regula – as bolhas e as pessoas -
como convém, introjetando valores e vontades para definir padrões de consumo
e comportamento para mais consumo, que acabarão por consumir a natureza
humana tal como a conhecíamos a alguns anos.
É tão intencional esse desejo de controle, e tão ávido por dados e informações
sobre nós, que as Big Techs aproveitaram o grande momento da pandemia
mundial do Covid-19, para tomar conta da educação de muitos países através de
plataformas para a gestão de educação a distancia, com as quais cooptaram
governantes públicos seduzidos pela inovação fácil e defensores do Estado
mínimo, os quais viram grande oportunidade para seus propósitos, sem levar em
conta o comprometimento e o fracasso da soberania e autonomia sociais. Neste
caso, deram os dedos para ficar com os anéis, sem perceberem a inutilidade
desse gesto criminoso, além da destruição da cultura e da identidade nacionais.
É preciso reagir com a máxima urgência! Tivemos um pré-sal roubado de nós,
mas o software livre é o pré-sal do conhecimento humano. Estamos determinados
a reanimar o Movimento Nacional e resgatá-lo como uma ferramenta
indispensável para a construção de um Projeto de Nação, fomentando ciência,
tecnologia, economia e serviços, com conhecimento técnico, inteligência coletiva
e investimento nos profissionais, não nas marcas e produtos de prateleira, que só
enriquecem as multinacionais do mercado, tanto clássicas, como IBM, Microsoft,
Apple, Oracle e muitas outras, quanto nascidas das "inovações" do Vale do Silício,
como Facebook, Google/Alphabet, Amazon, Twitter e algumas mais.
O software livre é e sempre foi apartidário, mas dialoga com pessoas, empresas
e governos com espíritos livres e favoráveis à inovação aberta, estando sempre
orientado a promover uma sociedade plural disposta a beneficiar sua população
e empresas nacionais, pois é onde o trabalho gera valor, que o valor deve ficar e
fomentar a riqueza de seu povo.
Porto Alegre, 13 de agosto de 2022.
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